Dormias.
Os meus dedos abandonavam lentamente a tua pele, onde antes tinham sucumbido ao prazer táctil de uma carícia. Um momento de ternura que me inundou o olhar.
Olhava-te, quando percebi que a tua imagem se desfocava através de um véu translúcido e tremeluzente, tornando o teu contorno liquefeito, como uma pintura a aguarela.
Em que pensava? Não sei. Em nada mais, além daquele instante, creio eu.
Procurei a razão pela qual deslizava uma pequena gota de água no teu ombro, que me apressei a apanhar. Não a sentiste. Dormias.
Ali, tão perto, sentia-te tão longe. Ou talvez fosse eu quem se afastava, numa súbita sensação de solidão, enquanto deitava a cabeça na almofada, confidenciando-lhe um suspiro.
Dormias.
Ouvia a tua respiração grave e serena entrecortando o silêncio da noite. Nela embalei a minha e nela embalei sonhos de amanhecer. Um raiar que, naquele momento, não conseguia vislumbrar através da cortina opaca tingida de escuridão.
Dormias. Um sono solto. Num alheamento profundo.
Bonito... :)
ResponderEliminar(Ainda bem que a ninfa não ressona... Ou teríamos um post diferente!)
Ou não.
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