Namarie

Hoje é um dia tão bom como qualquer outro. Não há significados subliminares para a data. Talvez por ser final da semana. Sei lá. Se calhar, simplesmente, porque me apeteceu!

Vou cobrir os móveis com lençóis, conferindo-lhes um aspecto fantasmagórico (que em nada desvirtua o perfil desta sala) e depois vou sair de fininho, ou fechar a porta devagarinho.

Uma espécie de “vou ali comprar cigarros e volto já”, com todo o indeterminismo que esta afirmação possa ter.

Tornarei a sala invisível. Sendo que esta é uma característica que, cada vez mais, me agrada: a Invisibilidade, em diversas interpretações que esta possa ter.

Sempre tive uma relação avessa com este bloco de apontamentos, como saberão aqueles que melhor me conhecem. E sempre lhe chamei bloco de apontamentos porque nunca pretendi que fosse outra coisa e porque no dia em que o encarasse como outra coisa…, bom, então nem teria existido!

Aqui decidi partilhar anotações que, doravante, ficarão num qualquer caderno, num qualquer pensamento, numa qualquer outra sala do fundo.

Foi um exercício interessante, mas decididamente não é algo que me prenda, nem assume uma importância fulcral na minha vida, uma sede que não sinto. E se alguma vez a senti, para já, estou satisfeito!

Recorrendo às terminologias utilizadas nas últimas publicações, digamos que aqui já não se servem bebidas. Mas há bares suficientes nas redondezas com cocktails para todos os gostos, onde podem ir tomar um copo e dar dois dedos de conversa.

E como sempre ouvi dizer que devemos sair airosamente, antes do “espírito de fim de festa” e poupar-nos à decadência, opto por seguir o conselho: fechar para obras; ir apanhar ar; ir lá fora fumar um cigarro ou dar uma volta ao Bilhar Grande (que deve ser um sítio interessantíssimo, atendendo à quantidade de pessoas que aconselham outras a deslocarem-se até lá).

Fernando Pessoa escreveu: “O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”.

Para mim, tem tido valor e intensidade suficiente. É, sem dúvida, uma experiência inesquecível onde participaram pessoas incomparáveis, igualmente inesquecíveis.

Por ora, a Sala está fechada!

Namarie


I'll kiss the sleep from your eyes
I'll kiss you when the sun goes down
I'll kiss your until sunrise
I'll kiss the skin from your lips
And I'll kiss you on your fingertips
And I'll kiss you on the back of your neck
And I'll kiss you behind your ears
And I'll kiss away your tears and fears
And I'll kiss away those hurting years
And I'll kiss away those cruel dark hours
And I'll kiss the petals on your flower
I'll kiss you, I'll kiss you
I'll kiss you until heaven sends you

I'll kiss you between your toes
I'll kiss you on the bottom of your feet
I'll run my tongue across your back
I'll kiss you behind your naked knees
I'll kiss your breast, I'll drink your milk
I'll run my tongue between your lips
I'll kiss you, kiss you, kiss you on your sex
And I'll take you, take you, take you in my mouth
And I'll kiss you, kiss you until heaven sends you

Life's a Stage

Duas músicas. Um palco. Representações no palco da vida.





“Life's but a walking shadow, a poor player
That struts and frets his hour upon the stage
And then is heard no more: it is a tale
Told by an idiot, full of sound and fury,
Signifying nothing."
(Shakespeare, Macbeth)

Tattooed Man

Dedicada ao Sr. Anónimo, na mesa lá do fundo.

Obrigado pela sugestão.

A próxima rodada é por conta da casa.



There's a man lying down in a grave somewhere
With the same tattoos as me
And I love him, I love him, I love him, I love him, I love him

There's a man lying down in a bed somewhere
With a different set of sex aspects
And I hate him, I hate him, I hate him, I hate him, my eyes

This is me here now
Pining like a dog, whining like a dog in a thick harbour fog
Waiting for a ship that will make him sick
And when the ship comes, big trouble
His trouble will begin

And the church bells chime the colour of wine
And the angels devil fight to snatch back the lost time

And there's a man lying down with a blade somewhere
With the same taboos as me
And I love him, I love him, I love him, I love him, I love him

There's a man lying down in a bed somewhere
With a different set of sex aspects
And I hate him, I hate him, I hate him, I hate him, my eyes

This is the dark age of love
This is the dark age of love
This is the dark age of love
This is the dark ???

And I love him, I love him, I love him, I love him, I love him

There's a man laying down
There's a man laying down
There's a man laying down
There's a man laying down somewhere

Lounge

Muito bem.

Para que não chamem de tasca a este ambiente selecto, fica aqui o conceito Lounge.

E este bar lounge, bem cotado nas clubbing tours e night news, prima pelo aspecto clean e retro, de acordo com os mais elevados standards das tendências fashion.

Espaço de vernissage.

Pode tomar um Claridge. Saborear um Strawberry Art ou um Kirk Royale. Aveturar-se como agente do MI5 com um Dry Martini.

Tomar um Mojito e perceber "Por Quem os Sinos Dobram" ou optar por uma Caipirinha. Que é bem ser caliente ou ter salero.

Aventure-se num Singapura Sling ou num Chinese, se preferir algo mais oriental.

Ou rumar aos States com um New York Sour

É só escolher.

E para acompanhar...

Zero

Segurando um punhado de memórias nas mãos vazias,

Olhas o relógio.

Contagem decrescente para a Hora Zero.

9

Curiosas, as contagens decrescentes: Compassadas. Ritmadas.

Numeração inversa, rumo a uma zona fronteiriça do Tempo,

Assinala a aproximação de um fim ou antecede um início. Ou, simplesmente, funde num único suspiro o limiar entre ambos os momentos.

Momentos que não são se excluem ou anulam necessariamente, formando um todo contínuo. Uma roda em constante movimento.

8

A Vida, também ela, uma contagem decrescente, se assim a quisermos entender, repleta de outras contagens: crescentes e decrescentes…

Espirais que convergem e divergem a partir de um mesmo centro.

Centro: ponto na imensidão. Ponto de partida. Ponto de chegada. Ponto de referência.

Limiar entre o Ontem e o Amanhã, entre o Passado e o Futuro, suspensos num breve segundo de Presente.

7

Olhas em redor:

Uma labareda que se extingue entre brasas que escorregam lentamente num tempo contado,

Renasce. Bastando um sopro, para que se erga uma língua de fogo que te aquece com as suas palavras. Uma lufada suficiente para que possa emergir na sua pira, emanando ondas de calor.

Uma ampulheta que só recomeça a contagem quando voltada, girando sobre o seu eixo.

6

Papéis dispersos, como folhas caídas das árvores, arrancadas pelo vento de Outono.

Palavras sublinhadas; palavras anotadas e outras tantas para um dia, que nunca chegou, porque adiado,

Ficaram perdidas num memorando esquecido.

5

Novos desafios. Outras contagens.

Afiguram-se apetecíveis e irresistíveis.

E um esgar de escárnio, trocista, de quem goza com a Sorte, traça-te o rosto.

Situas os zeros à esquerda e avanças.

4

Deténs-te no centro.

No que te resta de Presente.

O breve momento, que levas a inspirar e encher de ar os pulmões, encerra toda a essência do que foi e do que virá a ser.

(Ah! Instante fátuo!)

E nessa brevidade de tempo, há tempo suficiente para modificar tudo!

Num volte-face súbito, as reviravoltas do Destino trocam-te as voltas e fazem-te rodopiar no sentido dos ponteiros do relógio.

Contagem a zeros!

3

Precipita-se a Hora Zero,

Elo entre o que foi e o que há-de ser.

E podes pensar no que poderia ter sido e que não chegará a ser,

Entre o que não foi e que há-de ser,

O que não foi, nem será.

O que foi e não voltará a ser.

O que foi e será.

2

Seja lá o que tenha sido. Seja lá o que venha a ser,

Oscilando na modorrenta indiferença hipnótica do pêndulo.

Esboças um sorriso. Um esquisso que desenhas na face do futuro que desejas, na antecâmara do desejo e da incerteza.

1

Olhas o relógio:

Hora…

Zero!

Um