Caminhava, com a calma compassada nos passos furtivos.
À sua frente estendia-se a vastidão do campo semeado. Olhou-o com a complacência compadecida da inevitabilidade.
Aproximou-se devagarinho. Invisível. A atmosfera opaca abafava o som dos seus passos.
O vento suspenso. O ar irrespirável.
Uma atmosfera morta na serenidade densa que antecede a tormenta.
Subitamente, anuncia a sua chegada, irrompendo com a fúria da tempestade e num gesto súbito, num único gesto, com uma brevidade fria e metálica, suspende aquele momento pela Eternidade.
Num único roçar de foice, rápido e mortal, sega sonhos de plantio.
Demasiado rápido para que fosse percebido.
Demasiado letal para lhe sobreviver.
Silêncio.
A Ceifeira afasta-se com a calma compassada nos passos. Caminha lenta e invisível.
Atrás de si, a vastidão despojada jaz em pousio.
Uma brisa desperta, aturdida, e interrompe aquele estupor.
Uma semente perdida rodopia no ar.
Uma bela metáfora sobre a Morte. Ou sobre a Vida, se lhe quisermos ler o avesso...
ResponderEliminar